15 de maio de 2025 - por Raul Sena (Investidor Sardinha)

Quem será o vencedor dessa guerra entre EUA x China? Essa disputa econômica vem moldando o cenário geopolítico global nos últimos anos. No centro dessa disputa, surge uma nova dinâmica: o fortalecimento do bloco dos BRICS e, em especial, o crescimento acelerado da Índia. Mas até que ponto esse movimento pode ameaçar a hegemonia americana?
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Potencial de crescimento do Brics
Originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China (mais tarde com a entrada da África do Sul) , o bloco dos BRICS surgiu como uma resposta às potências tradicionais do G7. A ideia era simples, unir países emergentes que apresentavam taxas de crescimento aceleradas e potencial para dominar a economia global até 2050.
Entretanto, com o passar dos anos, a China se consolidou como a principal força do grupo. Já o Brasil e a Rússia não conseguiram manter o ritmo de crescimento, enfrentando desafios econômicos e políticos internos.
Algumas pessoas atribuem parte desse desempenho abaixo do esperado à influência externa, especialmente dos EUA. No entanto, a verdade é que os maiores entraves para o desenvolvimento brasileiro é resultado de problemas internos. Falta de planejamento estratégico, instabilidade política e obstáculos à industrialização.
O conflito EUA x China e a nova oportunidade para os BRICS
O recente acirramento das tensões comerciais e tecnológicas entre China e EUA, reacendeu o debate sobre o papel dos BRICS no novo tabuleiro econômico global. Com a China enfrentando sanções e barreiras comerciais, abre-se uma janela de oportunidade para outros países do bloco.
Juntos, os BRICS já representam mais de 24% do PIB global e controlam 25% das terras secas do planeta. Ou seja, é um bloco com um enorme potencial de influência.
Índia: a grande aposta
Entre todos os países do BRICS, a Índia desponta como a maior beneficiada no atual contexto geopolítico. Ao adotar uma política de não alinhamento, evitando tomar partido nessa guerra, a Índia conseguiu atrair investimentos que antes seriam direcionados à China.
O país tem previsão de crescimento entre 6,3% e 6,5% do PIB entre 2024 e 2025, o país já é visto como a “nova China”. Empresas como Apple e Foxconn anunciaram investimentos bilionários para instalar unidades de produção na Índia.
Parceria entre Índia e EUA
Além disso, os EUA vêm estreitando laços com a Índia. Isso porque, apesar de estarem no mesmo bloco econômico, Índia e China mantêm disputas territoriais e uma relação historicamente tensa.
Por isso, ao fortalecer os laços com a Índia, os EUA não apenas reduzem sua dependência da China, como também incentivam o fortalecimento de um rival estratégico.
No entanto, apesar do otimismo, a Índia ainda enfrenta grandes desafios. O país lida com desigualdade social, infraestrutura precária e falsificação de moeda. Além disso, os altos incentivos fiscais oferecidos para atrair indústrias representam uma perda bilionária no orçamento anual.
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O Brasil tem algum destaque?
O Brasil, por sua vez, permanece como um importante fornecedor de commodities. No entanto, a falta de incentivos para industrialização prejudica a competitividade do país.
Vender soja in natura, por exemplo, é muito mais vantajoso do que processá-la. Ou seja, ocorre uma distorção tributária que desincentiva a criação de valor agregado dentro do país. E desestimula também a industrialização do Brasil.
Enquanto a Índia, a China e os EUA investem pesado em inovação, infraestrutura e tecnologia. Com isso, o Brasil continua preso a um modelo econômico pouco estratégico, que limita seu potencial de crescimento sustentável.
O avanço militar da Índia
Além da economia, a Índia também se move em direção ao fortalecimento militar. O país anunciou um orçamento militar recorde em 2024 e fez diversas aquisições estratégicas. Desde 2016, a Índia estreitou parcerias militares com os EUA, sinalizando um reposicionamento estratégico global.
Por que a Índia está se tornando o destino preferido das empresas
Apesar dos avanços, 70% da defesa indiana ainda depende de importações, ou seja, a autossuficiência militar ainda está distante. Ainda assim, a Índia adota uma diplomacia muito mais equilibrada do que potências como EUA e China.
Sua estratégia é clara: manter autonomia e neutralidade. O país não se alinha diretamente com nenhum bloco, participa do QUAD com EUA, Japão e Austrália. No entanto, também reata relações comerciais com a China.
O cenário atual favorece a Índia como destino para realocação industrial. Cerca de 90% dos fabricantes dos EUA cogitam sair da China e a Índia aparece como principal alternativa, junto com Vietnã e México.
Desigualdades e desafios internos da Índia
Claro que nem tudo são flores. A Índia ainda convive com uma alta desigualdade de renda, desemprego juvenil elevado, infraestrutura precária.
Além disso, há casos de golpes e fraudes operadas a partir do país, muitas vezes por empresas disfarçadas, com atuação global em diversos idiomas. Ainda assim, a Índia possui uma forte base tecnológica e muitos desenvolvedores, o que a posiciona bem para o futuro.
As últimas atitudes mostram que a Índia está preparada para se beneficiar do atual cenário global. Se os conflitos geopolíticos continuarem, o país tende a ser um dos grandes ganhadores desse conflito entre EUA x China.
Como tirar proveito dessa situação?
Mas afinal, como você investidor, pode se beneficiar dessa informação?
Bom, é claro que você não vai investir em uma empresa indiana que mal conhece. Por isso, o mais indicado nesse momento é investir no país por meio de ETFs.
Se você quer estudar mais afundo sobre e conhecer algumas opções, recomendo que procure saber mais sobre o INDA que acompanha o índice MSCI India e é focado nas maiores empresas indianas. O EPI foca nas empresas indianas mais lucrativas, ponderadas por lucro, não por tamanho. O INDY replica o índice Nifty 50, composto pelas 50 maiores empresas da bolsa indiana e segue a mesma ideia do S&P500.
Além desses, também vale dar uma olhada no FLIN, PIN, DGIN e no NDI. Mas, lembre-se de estudar sobre cada um deles, antes de realizar qualquer aporte.
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